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Guaracy Januzzi, mais conhecido como '''Guará''', foi atacante do [[Galo]] na década de [[1930]]. Com a camisa alvinegra, fez 158 jogos e marcou 147 gols, média quase de 1 gol por partida.
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'' '''Nota:''' Se procura o jogador com o mesmo nome, consulte: [[Paulo Roberto Durães de Castilho|Guará]].''
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== História ==
{{Info Atletas Futebol
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| imagem_legenda    =  
| nomecompleto      = Guaracy Januzzi
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Nascido em Ubá, no dia 4 de janeiro de 1916, Guará aos 13 anos de idade fazia seus primeiros gols no Aimorés. Os estádios enchiam para ver o garoto louro fazer misérias diante dos grandes profissionais e aplaudir suas jogadas sensacionais. Aos 15 anos, assinou seu primeiro contrato como profissional na cidade mineira de Miraí. Mas o que ganhava do futebol não dava para sobreviver e começou a trabalhar como alfaiate. Em 1933 regressou à sua cidade natal e entrou para o Clube Atlético Mineiro no mesmo ano junto com o meio-campo [[Nicolino Nascimento Lauria|Nicola]]. <br>
== Biografia ==
Aos 17 anos, Guará era considerado o maior jogador mineiro e o maior ídolo da torcida alvinegra. <br>
 
Sua estréia foi diante do [[Tupi-MG|Tupi]] de Juiz de Fora e fez um belo gol. ''Perigo Louro'' ou ''Demônio Louro'' eram os apelidos que os jornalistas e os torcedores o deram na época. Gostava do carinho com que era tratado e muitas vezes, quando deixava o campo sem fazer gols ou após uma fraca atuação, os aplausos da torcida continuavam para incentivá-lo e não faltava quem afirmasse que na partida seguinte Guará iria descontar todos os gols perdidos. <br>
Guaracy Januzzi, mais conhecido como '''Guará''', foi atacante do [[Galo]] na década de [[1930]] e um dos principais jogadores na história centenária do clube. Com a camisa alvinegra, fez quase 200 jogos e marcou 168 gols, média próxima a 1 gol por partida.
Guará tornou-se uma legenda no futebol mineiro. Seu primeiro título veio em 1936, quando o profissionalismo já tomava conta dos clubes mineiros. <br>
 
O "Demônio Louro" sabia fazer tudo em campo. Apesar de sua estatura mediana, ninguém conseguia ganhá-lo nas bolas altas e, no chão, não havia zagueiro que conseguisse barrar seus passos. Os chutes, sempre violentos, saíam do pé esquerdo ou do direito com a mesma precisão. Guará costumava dizer que podia o tempo passar e outros sucessos surgirem, mas que era impossível deixar de lado o título de [[Campeão dos Campeões 1936|campeão brasileiro em 1936]]. O craque tinha 20 anos de idade e era a grande estréia do quadro alvinegro de 36, época do torneio que reuniu Atlético, [[Fluminense-RJ|Fluminense]], [[Portuguesa-SP|Portuguesa]] e [[Rio Branco-ES|Rio Branco]]. O torneio foi decidido em São Paulo com um difícil 3 a 2 sobre a [[Portuguesa-SP|Portuguesa]]. Quando os jogadores alvinegros deixaram Belo Horizonte, a torcida estava na estação e na volta fizeram um verdadeiro carnaval. <br>
Nascido em Ubá, no dia [[04 de Janeiro|04 de janeiro]] de [[1916]], Guará aos 13 anos de idade fazia seus primeiros gols no Aimorés. Os estádios enchiam para ver o garoto louro fazer misérias diante dos grandes profissionais e aplaudir suas jogadas sensacionais. Aos 15 anos, assinou seu primeiro contrato como profissional na cidade mineira de Miraí. Mas o que ganhava do futebol não dava para sobreviver e começou a trabalhar como alfaiate. Em [[1933]] regressou à sua cidade natal e entrou para o Clube Atlético Mineiro no mesmo ano junto com o meio-campo [[Nicolino Nascimento Lauria|Nicola]]. <br><br>
Guará foi carregado da Central do Brasil até o velho [[Estádio Antônio Carlos|Estádio de Lourdes]]. Se alguém perguntasse pelo resultado de uma partida do Atlético, nunca deixava de perguntar quantos gols Guará havia marcado. <br>
Aos 17 anos, Guará era considerado o maior jogador mineiro e o maior ídolo da torcida alvinegra nos anos [[1930]]. <br><br>
O atacante dizia que não se queixava da sorte, pois dentro da áre sempre sabia o que fazer e se a bola batesse na trave, quase sempre entrava no gol. <br>
Sua estreia foi diante do [[Tupi-MG|Tupi]] de Juiz de Fora e fez um belo gol. ''Perigo Louro'' ou ''Demônio Louro'' eram os apelidos que os jornalistas e os torcedores o deram na época. Gostava do carinho com que era tratado e muitas vezes, quando deixava o campo sem fazer gols ou após uma fraca atuação, os aplausos da torcida continuavam para incentivá-lo e não faltava quem afirmasse que na partida seguinte Guará iria descontar todos os gols perdidos. <br><br>
Encerrou sua carreira como jogador aos 23 anos e os atleticanos lamentaram por muito tempo a parada de seu grande artilheiro. Particularmente, não gostava de comentar o jogo contra o Palestra Itália do dia 4 de junho de 1939, quando aconteceu o choque com o zagueiro Caieira. Era o terror das defesas e, dificilmente participava de uma partida sem marcar o seu gol. A preocupação dos técnicos adversários era encontrar uma fórmula para barrar os passos de Guará. <br>
Guará tornou-se uma legenda no futebol mineiro. Seu primeiro título veio em [[Campeão dos Campeões 1936|1936]], quando o profissionalismo já tomava conta dos clubes mineiros. <br><br>
Em 1939, o [[Cruzeiro-MG|Palestra Itália]] (atual [[Cruzeiro-MG]]), que já era o adversário mais tradicional do alvinegro, contratou um dos bons zagueiros da época, Caieira, considerado capaz de impedir as jogadas de Guará. O dia do grande encontro entre Guará e Caieira amanheceu ameaçando chuva e a partida quase foi transferida. Entratanto, o jogo foi confirmado e o [[Estádio Antônio Carlos|Estádio de Lourdes]] lotou mais uma vez, como sempre. <br>
O ''Demônio Louro'' sabia fazer tudo em campo. Apesar de sua estatura mediana, ninguém conseguia ganhá-lo nas bolas altas e, no chão, não havia zagueiro que conseguisse barrar seus passos. Os chutes, sempre violentos, saíam do pé esquerdo ou do direito com a mesma precisão. Guará costumava dizer que podia o tempo passar e outros sucessos surgirem, mas que era impossível deixar de lado o título de [[Campeão dos Campeões 1936|campeão brasileiro em 1936]]. O craque tinha 20 anos de idade e era a grande estreia do quadro alvinegro de [[1936|36]], época do torneio que reuniu Atlético, [[Fluminense-RJ|Fluminense]], [[Portuguesa-SP|Portuguesa]] e [[Rio Branco-ES|Rio Branco]]. O torneio foi decidido em São Paulo com um difícil 3 a 2 sobre a [[Portuguesa-SP|Portuguesa]]. Quando os jogadores alvinegros deixaram Belo Horizonte, a torcida estava na estação e na volta fizeram um verdadeiro carnaval. <br><br>
As torcidas disputavam também sua partida no estádio. As apostas quando os dois clubes se enfrentavam batiam todos os recordes. Mas, naquele dia, a pergunta era uma só: "- Conseguirá Caieira parar Guará?". As respostas vinham e o dinheiro junto para confirmar a opinião. O jogo era difícil e Guará estava sempre presente na área juntamente de Caieira sempre para marcá-lo. A torcida do Atlético vibrava com as finalizações de seu atacante e a do [[Cruzeiro-MG|Palestra Itália]] quando Caieira conseguia dominar seu adversário. <br>
Guará foi carregado da Central do Brasil até o velho [[Estádio Antônio Carlos|Estádio de Lourdes]]. Se alguém perguntasse pelo resultado de uma partida do Atlético, nunca deixava de perguntar quantos gols Guará havia marcado. <br><br>
Entretanto, aconteceu o que ninguém esperava. O triste acontecimento que marcou a história do Atlético e do futebol mineiro. A bola estava com [[Raimundo José Correia|Lôla]] na intermediária do alvinegro. Guará escapou e veio o centro. Bola alta, das que Guará gostava. Subiu para cabecear com Caieira. Tocou na bola, mas o zagueiro deu uma testada na nuca do atacante. Ambos caíram. Ainda havia barulho das duas torcidas comemorando a jogada quando o zagueiro levantou-se tonto, porém, Guará continuou caído. Ninguém mais falou nada. Fez-se silêncio completo em [[Estádio Antônio Carlos|Lourdes]] e Guará foi levado ao Pronto-Socorro. Chegou-se até a cogitar que o craque havia morrido. Os dirigentes confirmavam que Guará estava no Pronto-Socorro. A torcida compareceu ao hospital e esteve presente em todos os dias que o craque ficou internado. <br>
O atacante dizia que não se queixava da sorte, pois dentro da área sempre sabia o que fazer e se a bola batesse na trave, quase sempre entrava no gol. <br>
Guará passou 72 horas em estado de choque e um mês inconsciente. Recuperou-se, mas para o futebol nunca mais voltou a ser a atacante perigoso. Jamais conseguiu marcar os gols que lhe deram fama e dinheiro. Guará, apesar de todo o carinho da torcida alvinegra, não conseguiu mais encontrar o seu futebol. O atacante resolveu então mudar de clube, pensando ser esta a solução do problema, e foi para o [[Flamengo-RJ|Flamengo]] em 1940. Entretanto, ficou apenas seis meses. Retornou para Belo Horizonte e tentou a sorte no [[Siderúrgica-MG|Siderúrgica]]. Sentindo que não era mais o Guará que a torcida sempre lembrava, resolveu aos 23 anos parar definitivamente com o futebol. <br>
Encerrou sua carreira como jogador aos 23 anos e os atleticanos lamentaram por muito tempo a parada de seu grande artilheiro. Particularmente, não gostava de comentar o jogo contra o Palestra Itália do dia [[4 de junho]] de [[1939]], quando aconteceu o choque com o zagueiro Caieira. Era o terror das defesas e, dificilmente participava de uma partida sem marcar o seu gol. A preocupação dos técnicos adversários era encontrar uma fórmula para barrar os passos de Guará. <br><br>
Guará sempre dizia que parou na hora certa e que essa era a razão de todos ainda lembrarem do seu grande futebol. ''"Sou um sujeito feliz e sempre grato aos atleticanos. Hoje, como ontem, o Atlético continua sendo a força do futebol mineiro. Agora, com a [[Vila Olímpica]], irá alcançar o seu equilíbrio financeiro e retirar o dinheiro necessário para a manutenção da equipe e não continuar dependendo das fracas arrecadações dos jogos regionais para a sua sobrevivência."'' Palavras do craque. <br>
Em [[1939]], o [[Cruzeiro-MG|Palestra Itália]] (atual [[Cruzeiro-MG]]), que já era o adversário mais tradicional do alvinegro, contratou um dos bons zagueiros da época, Caieira, considerado capaz de impedir as jogadas de Guará. O dia do grande encontro entre Guará e Caieira amanheceu ameaçando chuva e a partida quase foi transferida. Entretanto, o jogo foi confirmado e o [[Estádio Antônio Carlos|Estádio de Lourdes]] lotou como de costume. <br><br>
As torcidas disputavam também sua partida nas arquibancadas. As apostas quando os dois clubes se enfrentavam batiam todos os recordes. Mas, naquele dia, a pergunta era uma só: "- Conseguirá Caieira parar Guará?". As respostas vinham e o dinheiro junto para confirmar a opinião. O jogo era difícil e Guará estava sempre presente na área juntamente de Caieira sempre para marcá-lo. A torcida do Atlético vibrava com as finalizações de seu atacante e a do [[Cruzeiro-MG|Palestra Itália]] quando Caieira conseguia dominar seu adversário. <br><br>
Entretanto, aconteceu o que ninguém esperava. O triste acontecimento que marcou a história do Atlético e do futebol mineiro. A bola estava com Lôla na intermediária do alvinegro. Guará escapou e veio o centro. Bola alta, das que Guará gostava. Subiu para cabecear com Caieira. Tocou na bola, mas o zagueiro deu uma testada na nuca do atacante. Ambos caíram. Ainda havia barulho das duas torcidas comemorando a jogada quando o zagueiro levantou-se tonto, porém, Guará continuou caído. Ninguém mais falou nada. Fez-se silêncio completo em [[Estádio Antônio Carlos|Lourdes]] e Guará foi levado ao Pronto-Socorro. Chegou-se até a cogitar que o craque havia morrido. Os dirigentes confirmavam que Guará estava no Pronto-Socorro. A torcida compareceu ao hospital e esteve presente em todos os dias que o craque ficou internado. <br>
Guará passou 72 horas em estado de choque e um mês inconsciente. Recuperou-se, mas para o futebol nunca mais voltou a ser a atacante perigoso. Jamais conseguiu marcar os gols que lhe deram fama e dinheiro. Guará, apesar de todo o carinho da torcida alvinegra, não conseguiu mais encontrar o seu futebol. O atacante resolveu então mudar de clube, pensando ser esta a solução do problema, e foi para o [[Flamengo-RJ|Flamengo]] em [[1940]]. Entretanto, ficou apenas seis meses. Retornou para Belo Horizonte e tentou a sorte no [[Siderúrgica-MG|Siderúrgica]]. Sentindo que não era mais o Guará que a torcida sempre lembrava, resolveu aos 23 anos parar definitivamente com o futebol. <br><br>
Guará sempre dizia que parou na hora certa e que essa era a razão de todos ainda lembrarem do seu grande futebol. ''"Sou um sujeito feliz e sempre grato aos atleticanos. Hoje, como ontem, o Atlético continua sendo a força do futebol mineiro. Agora, com a [[Vila Olímpica]], irá alcançar o seu equilíbrio financeiro e retirar o dinheiro necessário para a manutenção da equipe e não continuar dependendo das fracas arrecadações dos jogos regionais para a sua sobrevivência."'' Palavras do craque. <br><br>
Após o futebol, Guará foi funcionário da Câmara Municipal e proprietário de uma casa lotérica no centro de Belo Horizonte.
Após o futebol, Guará foi funcionário da Câmara Municipal e proprietário de uma casa lotérica no centro de Belo Horizonte.


== Ficha Técnica ==
== Ficha Técnica ==
Nome: Guaracy Januzzi<br>
 
Posição: Atacante<br>
'''Nome:''' Guaracy Januzzi<br>
Data de Nascimento: [[04 de Janeiro]] de [[1916]]<br>
'''Posição:''' [[:categoria:Atacantes|Atacante]]<br>
Data de Falecimento: [[19 de Novembro]] de [[1978]]<br>
'''Data de Nascimento:''' [[4 de janeiro]] de [[1916]]<br>
Local: Ubá-MG<br>
'''Naturalidade:''' Ubá-MG<br>
'''Data de Falecimento:''' [[19 de novembro]] de [[1978]]<br>
'''Local:''' Belo Horizonte-MG<br>


== Carreira ==
== Carreira ==
Aimorés de Ubá-MG - ???<br>
 
'''Atlético''' - [[1933]]/[[1941]]<br>
{{BRAb}} {{MGb}} [[Aymorés-MG]] - ???<br>
[[Siderúrgica-MG]] - ???<br>
{{BRAb}} {{MGb}} '''Atlético''' - [[1933]]/[[1941]]<br>
'''Atlético''' - [[1951]]<br>
{{BRAb}} {{MGb}} [[Siderúrgica-MG]] - ???<br>
{{BRAb}} {{MGb}} '''Atlético''' - [[1951]]<br>


== Partidas Disputadas ==
== Partidas Disputadas ==
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== Títulos ==
== Títulos ==


[[Campeonato Mineiro 1936|1936 - Campeonato Mineiro - '''Atlético''']]<br>
[[1936]] - {{BRAb}} {{MGb}} [[Campeonato Mineiro 1936|Campeonato Mineiro]] - '''Atlético'''<br>
[[Campeonato Mineiro 1938|1938 - Campeonato Mineiro - '''Atlético''']]<br>
[[1937]] - {{BRAb}} [[Campeão dos Campeões 1936|Campeão dos Campeões do Brasil]] - '''Atlético'''<br>
[[Campeonato Mineiro 1939|1939 - Campeonato Mineiro - '''Atlético''']]<br>
[[1938]] - {{BRAb}} {{MGb}} [[Campeonato Mineiro 1938|Campeonato Mineiro]] - '''Atlético'''<br>
[[1939]] - {{BRAb}} {{MGb}} [[Campeonato Mineiro 1939|Campeonato Mineiro]] - '''Atlético'''<br>
 
== Artilharias ==
 
[[1936]] - {{BRAb}} {{MGb}} [[Campeonato Mineiro 1936|Campeonato Mineiro]] - '''Atlético''' - 22 gols<br>
[[1938]] - {{BRAb}} {{MGb}} [[Campeonato Mineiro 1938|Campeonato Mineiro]] - '''Atlético''' - 18 gols<br>
 
== Referências ==
 
== Fonte ==
 
* Revista Grandes Clubes Brasileiros
 
* MURTA, Eduardo. ''Galo - Uma Paixão Centenária.'' Editora Gutemberg. 2007


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Edição atual tal como às 14h26min de 25 de julho de 2024

Nota: Se procura o jogador com o mesmo nome, consulte: Guará.

Guará
11733939823_78cff01405.jpg
Informações pessoais
Nome completo Guaracy Januzzi
Data de nasc. 4 de janeiro de 1916 (108 anos)
Local de nasc. Ubá-MG , Brasil
Data de morte 19 de novembro de 1978
Local da morte Belo Horizonte-MG , Brasil
Apelido(s) Perigo Louro
Informações profissionais
Clube atual aposentado
Último clube Atlético (1951)
Número 9
Posição Atacante
Revelado por Aimorés de Ubá-MG
Princ. clubes Atlético.
Total de jogos pelo Galo
Jogos 200 (aproximadamente)
Gols 168
Estreia CAM 3 x 1 Tupi-MG - 01/10/1933
Último jogo América-MG 5 x 0 CAM - 02/02/1951
Títulos Campeonatos Mineiros de 1936, 1938 e 1939;
Campeão dos Campeões de 1937
Atualizado em 3 de janeiro de 2014


Biografia

Guaracy Januzzi, mais conhecido como Guará, foi atacante do Galo na década de 1930 e um dos principais jogadores na história centenária do clube. Com a camisa alvinegra, fez quase 200 jogos e marcou 168 gols, média próxima a 1 gol por partida.

Nascido em Ubá, no dia 04 de janeiro de 1916, Guará aos 13 anos de idade fazia seus primeiros gols no Aimorés. Os estádios enchiam para ver o garoto louro fazer misérias diante dos grandes profissionais e aplaudir suas jogadas sensacionais. Aos 15 anos, assinou seu primeiro contrato como profissional na cidade mineira de Miraí. Mas o que ganhava do futebol não dava para sobreviver e começou a trabalhar como alfaiate. Em 1933 regressou à sua cidade natal e entrou para o Clube Atlético Mineiro no mesmo ano junto com o meio-campo Nicola.

Aos 17 anos, Guará era considerado o maior jogador mineiro e o maior ídolo da torcida alvinegra nos anos 1930.

Sua estreia foi diante do Tupi de Juiz de Fora e fez um belo gol. Perigo Louro ou Demônio Louro eram os apelidos que os jornalistas e os torcedores o deram na época. Gostava do carinho com que era tratado e muitas vezes, quando deixava o campo sem fazer gols ou após uma fraca atuação, os aplausos da torcida continuavam para incentivá-lo e não faltava quem afirmasse que na partida seguinte Guará iria descontar todos os gols perdidos.

Guará tornou-se uma legenda no futebol mineiro. Seu primeiro título veio em 1936, quando o profissionalismo já tomava conta dos clubes mineiros.

O Demônio Louro sabia fazer tudo em campo. Apesar de sua estatura mediana, ninguém conseguia ganhá-lo nas bolas altas e, no chão, não havia zagueiro que conseguisse barrar seus passos. Os chutes, sempre violentos, saíam do pé esquerdo ou do direito com a mesma precisão. Guará costumava dizer que podia o tempo passar e outros sucessos surgirem, mas que era impossível deixar de lado o título de campeão brasileiro em 1936. O craque tinha 20 anos de idade e era a grande estreia do quadro alvinegro de 36, época do torneio que reuniu Atlético, Fluminense, Portuguesa e Rio Branco. O torneio foi decidido em São Paulo com um difícil 3 a 2 sobre a Portuguesa. Quando os jogadores alvinegros deixaram Belo Horizonte, a torcida estava na estação e na volta fizeram um verdadeiro carnaval.

Guará foi carregado da Central do Brasil até o velho Estádio de Lourdes. Se alguém perguntasse pelo resultado de uma partida do Atlético, nunca deixava de perguntar quantos gols Guará havia marcado.

O atacante dizia que não se queixava da sorte, pois dentro da área sempre sabia o que fazer e se a bola batesse na trave, quase sempre entrava no gol.
Encerrou sua carreira como jogador aos 23 anos e os atleticanos lamentaram por muito tempo a parada de seu grande artilheiro. Particularmente, não gostava de comentar o jogo contra o Palestra Itália do dia 4 de junho de 1939, quando aconteceu o choque com o zagueiro Caieira. Era o terror das defesas e, dificilmente participava de uma partida sem marcar o seu gol. A preocupação dos técnicos adversários era encontrar uma fórmula para barrar os passos de Guará.

Em 1939, o Palestra Itália (atual Cruzeiro-MG), que já era o adversário mais tradicional do alvinegro, contratou um dos bons zagueiros da época, Caieira, considerado capaz de impedir as jogadas de Guará. O dia do grande encontro entre Guará e Caieira amanheceu ameaçando chuva e a partida quase foi transferida. Entretanto, o jogo foi confirmado e o Estádio de Lourdes lotou como de costume.

As torcidas disputavam também sua partida nas arquibancadas. As apostas quando os dois clubes se enfrentavam batiam todos os recordes. Mas, naquele dia, a pergunta era uma só: "- Conseguirá Caieira parar Guará?". As respostas vinham e o dinheiro junto para confirmar a opinião. O jogo era difícil e Guará estava sempre presente na área juntamente de Caieira sempre para marcá-lo. A torcida do Atlético vibrava com as finalizações de seu atacante e a do Palestra Itália quando Caieira conseguia dominar seu adversário.

Entretanto, aconteceu o que ninguém esperava. O triste acontecimento que marcou a história do Atlético e do futebol mineiro. A bola estava com Lôla na intermediária do alvinegro. Guará escapou e veio o centro. Bola alta, das que Guará gostava. Subiu para cabecear com Caieira. Tocou na bola, mas o zagueiro deu uma testada na nuca do atacante. Ambos caíram. Ainda havia barulho das duas torcidas comemorando a jogada quando o zagueiro levantou-se tonto, porém, Guará continuou caído. Ninguém mais falou nada. Fez-se silêncio completo em Lourdes e Guará foi levado ao Pronto-Socorro. Chegou-se até a cogitar que o craque havia morrido. Os dirigentes confirmavam que Guará estava no Pronto-Socorro. A torcida compareceu ao hospital e esteve presente em todos os dias que o craque ficou internado.
Guará passou 72 horas em estado de choque e um mês inconsciente. Recuperou-se, mas para o futebol nunca mais voltou a ser a atacante perigoso. Jamais conseguiu marcar os gols que lhe deram fama e dinheiro. Guará, apesar de todo o carinho da torcida alvinegra, não conseguiu mais encontrar o seu futebol. O atacante resolveu então mudar de clube, pensando ser esta a solução do problema, e foi para o Flamengo em 1940. Entretanto, ficou apenas seis meses. Retornou para Belo Horizonte e tentou a sorte no Siderúrgica. Sentindo que não era mais o Guará que a torcida sempre lembrava, resolveu aos 23 anos parar definitivamente com o futebol.

Guará sempre dizia que parou na hora certa e que essa era a razão de todos ainda lembrarem do seu grande futebol. "Sou um sujeito feliz e sempre grato aos atleticanos. Hoje, como ontem, o Atlético continua sendo a força do futebol mineiro. Agora, com a Vila Olímpica, irá alcançar o seu equilíbrio financeiro e retirar o dinheiro necessário para a manutenção da equipe e não continuar dependendo das fracas arrecadações dos jogos regionais para a sua sobrevivência." Palavras do craque.

Após o futebol, Guará foi funcionário da Câmara Municipal e proprietário de uma casa lotérica no centro de Belo Horizonte.

Ficha Técnica

Nome: Guaracy Januzzi
Posição: Atacante
Data de Nascimento: 4 de janeiro de 1916
Naturalidade: Ubá-MG
Data de Falecimento: 19 de novembro de 1978
Local: Belo Horizonte-MG

Carreira

Aymorés-MG - ???
Atlético - 1933/1941
Siderúrgica-MG - ???
Atlético - 1951

Partidas Disputadas

Títulos

1936 - Campeonato Mineiro - Atlético
1937 - Campeão dos Campeões do Brasil - Atlético
1938 - Campeonato Mineiro - Atlético
1939 - Campeonato Mineiro - Atlético

Artilharias

1936 - Campeonato Mineiro - Atlético - 22 gols
1938 - Campeonato Mineiro - Atlético - 18 gols

Referências

Fonte

  • Revista Grandes Clubes Brasileiros
  • MURTA, Eduardo. Galo - Uma Paixão Centenária. Editora Gutemberg. 2007